quarta-feira, 25 de abril de 2012

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Madame Hemingway

Ernest Hemingway em 1950

Não é um livro arrebatador, daqueles que abalam as minhas estruturas, mas é agradável de ler e, muitas vezes, até comovente.
Sendo uma obra de ficção cujas personagens principais são figuras famosas, tem um razoável rigor biográfico e, sobretudo, é um pretexto para reflectir na fragilidade/complexidade das paixões e dos afectos e da incapacidade humana para os viver sem passar pelo sofrimento.


Madame Hemingway”, de Paula McLain.



Carta escrita por Hadley Richardson a Ernest Hemingway, após a separação:

Querido Tatie, de certo modo, amo-te agora mais do que alguma vez amei, e apesar das pessoas verem os votos matrimoniais de maneiras diferentes, quando disse os meus foi até à morte. Se queres saber, estou pronta para ser tua para sempre, mas como te apaixonaste e queres casar com outra pessoa, sinto que não tenho outra escolha senão afastar-me e deixar-te fazê-lo. Os cem dias estão oficialmente terminados. Foi uma péssima ideia, e agora envergonha-me. Diz à Pauline o que é que decidiste. Podes ver Bumby as vezes que quiseres. Ele é muito teu filho, e ama-te e sente a tua falta. Mas, por favor, vamos apenas escrever acerca do divórcio e não falar do assunto. Não posso continuar a discutir contigo e também não te posso ver muitas vezes, porque é demasiado doloroso. Seremos sempre amigos – amigos delicados, e amar-te-ei até morrer, sabes. Sempre tua, a Gata”.

Resposta:

Minha querida Hadley, não sei como te agradecer a tua carta tão corajosa. Tenho andado preocupado contigo e com todos nós, devido a este terrível impasse. Tratámos as coisas dum modo tão doloroso, nenhum de nós a saber como seguir em frente sem causar maiores danos. Mas se o divórcio é o próximo passo necessário, então acredito que, assim que começarmos, iremos sentir-nos mais fortes, melhores e cada vez mais iguais a nós mesmos.”
…………….
Acho que és uma mãe maravilhosa, e que Bumby não poderia estar melhor do que entregue às tuas mãos adoráveis e capazes. És tudo que existe de bom, correcto e verdadeiro – e agora vejo isso tão claramente na maneira como procedeste e ouviste o teu coração. Mudaste-me mais do que podes imaginar, e serás sempre uma parte daquilo que sou. Isso foi uma coisa que aprendi com tudo isto. Ninguém que se ame se perde verdadeiramente.

Ernest”

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Físico Prodigioso

É o próprio autor quem diz,

“Este conto, ou, mais exactamente, novela, é desenvolvimento muito ampliado e, se quiserem, muito deturpado de dois ‘exemplos’ do Orto do Esposo, o belo livro moralístico-religioso da literatura portuguesa da primeira metade do século XV. Estes dois exemplos narrativos – o do homem com poderes mágicos de cura com o seu sangue e de ressurreição dos mortos, e o homem que não pôde ser enforcado, porque o Diabo o protegia levantando-o no ar – nada têm que ver um com o outro, e estão mesmo em lugares muito diversos no texto quatrocentista: o primeiro no Capítulo I do Livro III, e o segundo no Capítulo XI do Livro IV.”

Morra o bispo e morra o papa,
maila sua clerezia.
Ai rosas de leite e sangue,
que só a terra bebia!
Morram frades, morram freiras,
maila sua virgaria.
Ai rosas de sangue e leite,
que só a terra bebia!
Morra o rei e morra o conde,
maila toda fidalguia.
Ai rosas de leite e sangue,
que só a terra bebia!
Morram meirinho e carrasco,
maila má judicaria.
Ai rosas de sangue e leite,
que só a terra bebia!
Morra quem compra e quem vende,
maila toda a usuraria.
Ai rosas de leite e sangue,
que só a terra bebia!
Morram pais e morram filhos,
maila toda afilharia.
Ai rosas de sangue e leite,
que só a terra bebia!
Morram marido e mulher,
maila casamentaria.
Ai rosas de leite e sangue,
que só a terra bebia!
Morra amigo, morra amante,
mailo o amor que se perdia.
Ai rosas de sangue e leite,
que só a terra bebia!
Morra tudo, minha gente,
vivam povo e rebeldia.
Ai rosas de leite e sangue,
que só a terra bebia!


Jorge de Sena, in O Físico Prodigioso

sábado, 19 de novembro de 2011

As Aventuras dos Cinco nas Memórias duma Avó

Estas cinco personagens, criadas por Enid Blyton, encheram a minha infância de aventura e de mistério. O Júlio, o David e as duas raparigas, Ana e Zé (que não queria que lhe chamassem Maria José), acompanhados do Tim, o cão, deram à minha vida o sabor do fantástico que ela, na realidade, não podia ter. Mas a imaginação faz milagres e posso dizer que vivi, com eles, fantásticas aventuras.
Veio isto a propósito de, em maré de arrumações, ter encontrado os livros (não os que eu li, mas os dos meus filhos), que agora transitarão para os meus netos.
Será que esta terceira geração ainda vai gostar deles? A ver vamos.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Combate


Combate

Manhã do mundo que não amanheces!
Tantos poetas a cantar na sombra,
E nenhuma alvorada se anuncia!
...Somos nós maus profetas no degredo,
Ou és tu, sol da vida, que tens medo
De iluminar a nossa profecia?



Miguel Torga, Diário VIII

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Fernando Pessoa

(13 de Junho de 1888-30 de Novembro de 1935)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Museu Arqueológico de Barcelos


O Paço dos Condes de Barcelos foi construído, na segunda metade do século XV, pelo 9º Conde de Barcelos e 2º Duque de Bragança.
Faltam às ruínas de hoje algumas partes importantes deste castelo apalaçado, tais como a torre, que se prolongava sobre a entrada da ponte; parte da ala norte, com o passadiço que a unia à Colegiada, actual Igreja Matriz; e das quatro chaminés, com canudos altos, resta apenas uma.
Tendo sido alvo de vários projectos de restauro, desde o início do século XX, estes nunca se concretizaram e apenas se procedeu à consolidação das estruturas.
Propriedade da Câmara Municipal, desde fins do século XIX, é Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910.
Instalado neste espaço, o Museu Arqueológico foi criado, oficialmente, em 1920.
Já antes desta data se utilizava a área das ruínas do Paço dos Condes para guardar peças líticas, que eram encontradas por todo o Concelho, de épocas muito distintas, fruto de achados ocasionais ou provenientes do desmantelamento de monumentos arquitectónicos.
O Museu Arqueológico acolhe elementos em granito que vão desde a Pré-História aos finais da Época Moderna, entre os quais se contam um menhir de Feitos/Palme, sarcófagos medievais, símbolos heráldicos, marcos da Casa de Bragança, elementos arquitectónicos românicos de igrejas ou mosteiros desmantelados. Destaca-se, ainda, o Cruzeiro do Senhor do Galo, ex-libris de Barcelos.
Cachorro (Românico)
Beausent: distintivo dos Templários (Idade Média)
Cruzeiro do Senhor do Galo (inícios do séc. XVIII)
Menhir (Época Megalítica)
Tampa de sepultura (Baixa Idade Média)
Estátua de Barcelos (1730-1733)
Marco da Casa de Bragança (sécs. XVII-XVIII)
Ruínas do Paço Condal
Arcaz tumular (1284)
Elementos de arco românico
Pedra de Armas (séc. XVIII)
Pedra de Armas de Barcelos (séc. XVII)
Tampa de sepultura (Baixa Idade Média)
Capitéis românicos (séc. XII)
Cachorro (Românico)
Tampa de sepultura (séc. XVI)
Tímpano (Românico)



Zeca sempre

Era mais ou menos assim o cartaz que fiz, em recuados tempos, com uma fotocópia,um marcador e uma folha de papel. Um pedaço da minha vida, já muito velhinho, encontrado no meio dos meus papéis.


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

sábado, 6 de março de 2010

Onda do mar


Onda que, enrolada, tornas,
Pequena, ao mar que te trouxe
E ao recuar te transformas
Como se o mar nada fosse,

Por que é que levas contigo
Só a tua cessação,
E, ao voltar ao mar antigo,
Não levas meu coração?

Há tanto tempo que o tenho
Que me pesa de o sentir.
Leva-o no som sem tamanho
Com que te oiço fugir!

Fernando Pessoa

quarta-feira, 3 de março de 2010

Reflexão no Gerês


Reflexão

Sim, olhar a paisagem…
Olhá-la como um bicho
Ou como um lago.
Olhá-la neste vago
Sentimento
De pasmo e transparência.
Olhá-la na decência
Original,
Com olhos de inocência
E de cristal.

Miguel Torga
Gerês, 2 de Agosto de 1968

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Nas ilhas do Grupo Ocidental (Açores)

Entre as Flores e o Corvo
sobre as águas do Atlântico e
na companhia de golfinhos e gaivotas
29 de Agosto de 2009









terça-feira, 23 de junho de 2009

FRAGAS

O pouco que sou devo-o às fragas.

Miguel Torga