sábado, 24 de maio de 2008

IGREJA DE S. JOSÉ

Ponta Delgada, Campo de S. Francisco

1 comentário:

joão coelho disse...

A minha Igreja de S.José! Aqui me baptizei, fiz a 1ªcomunhão, fui crismado e me casei..com a particularidade de o transporte, no baptismo, para a igreja ter sido feito num coche preto, que os Armazéns Cogumbreiro alugavam. (Estes Armazéns eram o equivalente dos do Chiado, em Lisboa, e tinham um magnifico elevador, com caixa em madeira, que era o único em S.Miguel - e julgo que nos Açores, à época - o que levava muita gente a entrar lá, só para o ver subir e descer, majestáticamente)
Nesta Igreja de S.José aprendi a Catequese, ouvi os elaborados e empolgantes sermões de Páscoa, da boca dos Franciscanos, idos de Lisboa para o efeito, como se fossem "estrelas" convidadas para um espectáculo especial, e assisti às Missas de Galo, à meia-noite da Noite de Consoada - noite dificil de passar, na espera da manhã que nos permitiria, finalmente, ir à cozinha ver as prendas que o velho Natal lá tinha posto..
No lado oposto do Campo de S.Francisco estava a Escola Primária de S.José, com um grupo de professores que integrava o temível Raposo e Silva, o terror da miúdagem, homem de voz poderosa, que utilizava em berros que se ouviam em todo o Campo..
Neste espaço, entre professores sempre prontos para infligir umas valentes reguadas aos desgraçados mais calões, ou menos dados ao estudo, e o padre Maia,(outro homem de enorme ascendente sobre as crianças e suas familias, quase sempre de cara fechada, e sempre a antever as profundezas do inferno,por tudo e por nada), se moldaram as consciências de centenas e centenas de miúdos da freguesia de S.José..
Restava a terra do Campo de S.Francisco, onde, nas horas de recreio, podíamos,finalmente e durante alguns minutos, ser livres e ser crianças..
Mas tenho saudade, apesar de tudo,desse tempo, e do meu professor, Serafim de Medeiros, natural do Nordeste..um mestre rigoroso e grande disciplinador, muito exigente, com algumas erupções de crueldade - como sucedia quando, para castigar os mais atrasados, punha os melhores da classe a bater, com a régua de madeira, nas palmas das mãos dos infelizes..
Mais de 50 anos decorridos, ainda procuro "pesar" o que estas pessoas me inculcaram..e não é fácil tirar conclusões..

Saudações micaelenses

João Coelho