sábado, 24 de maio de 2008

COLISEU

Ponta Delgada, Coliseu Micaelense

1 comentário:

joão coelho disse...

Os sonhos chegavam aqui todos os Domingos à tarde. Com 1 escudo e cinquenta centavos (nos Açores não se dizia tostões, a terminologia era de escudos ou "patacas") para acesso à "geral", tínhamos os filmes de 31 partes do "Superman" e do "Fu Manchu" - 15 partes em cada matiné - os policiais série B americanos - com gangsters e detectives, todos com chapéus (que nunca caíam, mesmo nas cenas de socos, surgidas a cada 10')e as indispensáveis "fitas" de índios e cowboys..com o 7º de Cavalaria a chegar "in extremis" para salvar o rapaz, a rapariga e os seus companheiros, em momentos sempre sublinhados com o entusiasmo da miudagem da "geral", traduzido pelo bater de pés nas escadas de madeira..
O gerente do Coliseu MIcaelense era Santos Figueira, que todos os anos vinha ao Continente seleccionar as "fitas" (como ele dizia) para o ano seguinte; e se não podiam faltar os géneros mais populares, Santos Figueira também escolhia películas mais exigentes..Por exemplo, em Março de 1955, podiam ver-se no Coliseu, "Niagara", "Uma noite na òpera", "Revolta na Bounty" e "O combóio apitou 3 vezes"..
O Coliseu (quase uma réplica do de Lisboa, com metade da lotação) era também o espaço para os bailes de Carnaval, reservados à pequena burguesia da cidade de Ponta Delgada, já que, sendo obrigatório o uso de "smoking", os filhos de familias com orçamentos mais "apertados" ficavam de fora, quedando-se como "mirones" dos aperaltados/as de mais proventos..
É bom ver o nosso Coliseu, assim, de cara lavada.

Saudações atlânticas

João Coelho